Imagine que você se preparou durante meses para aquela prova de prova dos sonhos. O despertador toca, você levanta animado, coloca seu tênis favorito, chega na linha de largada e... puf! No meio da corrida, seu joelho resolve te lembrar que existe, e não da melhor forma. Ou pior: uma cãibra no meio da montanha, sem massagista por perto para te salvar. Parece familiar?
Se você corre trilha, tem quase 70% de chance de já ter sentido na pele – ou melhor, nos músculos e articulações – uma dessas surpresas desagradáveis. Foi o que um estudo recente publicado no Brazilian Journal of Physical Therapy mostrou ao analisar mais de mil corredores de trilha brasileiros. Sim, amigos, correr na natureza é maravilhoso, mas não é só paisagem bonita e vento na cara.
A verdade inconveniente sobre lesões na trilha
Dois em cada cinco corredores de trilha estavam lesionados no momento da pesquisa. Isso mesmo, quase metade da galera que estava respondendo o questionário poderia estar digitando com uma bolsa de gelo no joelho. E se olharmos para os últimos 12 meses, essa porcentagem sobe para inacreditáveis 69,2%. O campeão de queixas? O joelho, seguido pela perna e pelo tornozelo.
👉 Dica prática: Se você está sentindo dor recorrente em alguma região, pare de fingir que é só um “desconforto passageiro” e procure um especialista. Seu corpo não é um tanque de guerra, e ignorar sinais pode te tirar das trilhas por um bom tempo.
Cãibras: o monstro invisível das trilhas
Se tem uma coisa que pode transformar uma corrida épica em um filme de terror é uma cãibra violenta no meio do percurso. No último mês, 19,5% dos corredores de trilha relataram sofrer com cãibras. Nos últimos 12 meses, esse número sobe para 36%! O vilão principal? O tríceps sural – ou seja, a panturrilha, também conhecida como "segundo coração" do corredor.
👉 Dica prática: Treine força e resistência muscular para suportar longos períodos de esforço. Cãibra não é só falta de eletrólitos, é também fadiga neuromuscular. Trabalhe fortalecimento e variabilidade de ritmo nos treinos.
Treinar muito resolve? Nem sempre...
Se você acha que os corredores mais experientes escapam das lesões, pense de novo. A maioria dos participantes da pesquisa treina em média de 2 a 4 horas por semana e ainda assim sofre com problemas musculoesqueléticos. Ou seja, a questão não é apenas quantidade de treino, mas como você treina.
👉 Dica prática: O segredo não está em simplesmente correr mais, mas sim correr melhor. Trabalho de mobilidade, fortalecimento, variação de estímulos e, claro, descanso adequado fazem toda a diferença.
O que essa pesquisa nos ensina?
O estudo é um tapa na cara dos corredores que acham que treinar mais e mais é sinônimo de evolução. O problema não é só o volume, mas a falta de estratégia. Muitos corredores negligenciam fortalecimento, variabilidade de estímulos e recuperação adequada. E o resultado? Lesões, afastamento das trilhas e frustração.
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Referências:
Rizzo, F., Vallio, C. S., & Hespanhol, L. (2024). "The prevalence of running-related injuries and cramps, and the description of personal and running characteristics in Brazilian trail runners: a cross-sectional study." Brazilian Journal of Physical Therapy, 28(101117). DOI: 10.1016/j.bjpt.2024.101117