Correndo Descidas: O Que Realmente Faz Diferença?
Imagine que você está no meio de uma prova de trilha, encarando uma longa descida. Para aliviar o impacto e tentar economizar energia, você começa a alternar o padrão de pisada: ora aterrissa com o retropé, ora com o antepé. Parece inteligente, certo? Afinal, distribuir o esforço deve ajudar a evitar a fadiga, não?
Essa ideia, embora intuitiva, foi colocada à prova em um estudo científico recente publicado no European Journal of Sport Science. A pergunta era simples: mudar o padrão de pisada durante descidas prolongadas reduz a fadiga e melhora o desempenho?
O Experimento: Uma Montanha de Dados
Quatorze corredores experientes participaram do estudo, que simulou um cenário desafiador de corrida em trilha. Eles foram submetidos a duas condições de corrida em esteira inclinada:
Condicionamento padrão: cada corredor utilizou seu estilo natural de corrida.
Condicionamento com alternância de pisada: a cada 30 segundos, os corredores alternavam entre pisada de antepé e retropé durante as descidas.
As sessões duraram 2,5 horas e incluíram subidas e descidas em esteira com inclinações de +15% e -15%. Após a corrida, os corredores realizaram um teste de exaustão em subida. Durante todo o experimento, os pesquisadores mediram parâmetros como fadiga muscular, custo energético e biomecânica.
Os Resultados: Nem Sempre o Intuitivo é Eficiente
Os dados surpreenderam: alternar o padrão de pisada não trouxe benefícios significativos. Tanto no método tradicional quanto na alternância:
A fadiga muscular foi equivalente.
O custo energético aumentou igualmente.
Os padrões biomecânicos não mudaram.
O desempenho no teste de exaustão foi idêntico.
Ou seja, a ideia de alternar pisadas como estratégia deliberada não funcionou.
A Conclusão: Adaptação é o Segredo
Os pesquisadores sugeriram que a habilidade técnica de adaptar naturalmente a pisada ao terreno é o que realmente faz diferença. Essa capacidade, desenvolvida por meio de treinamento específico, permite aos corredores preservar energia, evitar desgastes desnecessários e enfrentar descidas com mais eficiência.
Como Aplicar no Seu Treino?
Ao invés de focar em mudanças deliberadas de pisada, dedique-se a melhorar sua técnica, fortalecer os músculos usados nas descidas e aprender a "ouvir" o terreno com seus pés. Cada corredor tem uma forma única de adaptação, e é isso que precisamos desenvolver.
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Referência:
Vernillo, G., et al. (2019). Regular changes in foot strike pattern during prolonged downhill running do not influence neuromuscular, energetics, or biomechanical parameters. European Journal of Sport Science. DOI: 10.1080/17461391.2019.1645212