Ela Amamentou no Meio da Prova. E Seguiu Correndo.
O que você faria se tivesse um sonho, um bebê de três meses no colo, e mais de 100 quilômetros de montanha pela frente?
Sophie Power correu.
Ela correu porque era mãe. Porque era mulher. Porque era atleta.
E, antes de tudo isso, porque era ela mesma — uma pessoa com um sonho.
A imagem que rodou o mundo
Foi durante o UTMB, Sophie estava sentada em um ponto de apoio. Rosto exausto, olhar calmo.
No colo, seu filho Cormac mamava, faminto.
Ela amamentava.
Ela competia.
Ela resistia.
A imagem viralizou. Mas por trás da foto, havia uma história muito mais poderosa.
Quando correr é também um ato de maternidade
Sophie não tinha redes sociais até aquele momento.
Não buscava curtidas, manchetes ou aplausos.
Queria apenas correr. Continuar sendo quem era — mesmo após se tornar mãe.
Mas a organização da prova não permitiu adiar sua inscrição.
Disseram: “Gravidez não é doença.”
Ela não discutiu.
Treinou como deu.
Corria com o bebê no sling.
Subia ladeiras com 13kg nas costas — o peso do filho.
Empurrava carrinho em trilhas. Fazia força na sala com burpees junto dos outros dois filhos.
Cada minuto livre era aproveitado.
Três meses após o parto, lá estava ela na largada.
Corpo ainda se ajustando. Sono em frangalhos. Leite acumulado.
Mesmo assim… correu.
Amamentar e continuar correndo
Enquanto outros atletas controlavam pace e altimetria, Sophie cuidava de outra logística:
Quantas horas e onde conseguiria amamentar?
Ela parava atrás de árvores. Ia aos banheiros dos postos de apoio.
Era uma ultramaratona dentro da ultramaratona.
Mas ela seguia.
Porque era mãe. E mãe segue.
O que aconteceu depois
A foto abriu caminho para outras atletas.
Jasmine Paris, por exemplo, venceu a Spine Race amamentando….
Outras mulheres começaram a falar. A aparecer.
Sophie não queria palco.
Mas entendeu o poder da representatividade.
Ela deu voz a uma multidão de mães corredoras que treinam na brecha entre as tarefas.
Que fazem da caminhada até a escola uma sessão de subida com carga.
Que trocam os treinos de pista por trotes com carrinho de bebê.
Mães que correm porque precisam.
Não só do corpo. Mas da mente. Da paz. Do tempo para si.
Uma nova forma de falar de performance
Hoje, Sophie continua correndo.
Já representou a Grã-Bretanha em provas de 24h.
Fez a Spine Fusion (mais de 400 km).
Quer voltar ao Spartathlon.
Mas sempre com um olho no calendário da escola e outro na planilha.
Ela não mede performance em paces. Mede em criatividade.
Em como transformar a rotina em oportunidade.
Treinar empurrando o carrinho? Serve.
Subir a ladeira com a criança nas costas? Serve.
Fazer burpee com o filho na barriga? Serve.
E serve muito.
Mães que correm, mães que inspiram
No Dia das Mães, essa história precisa ser contada.
Porque ser mãe não é o fim de nada.
É só uma nova largada.
elas mudam, sim.
Mas não desaparece.
Corre diferente. Mais devagar às vezes. Mais fortes quase sempre.
Com menos tempo. Mas com muito mais propósito.
E se existe uma linha de chegada que vale cruzar,
é aquela onde a gente encontra os filhos…
FELIZ DIA DAS MÃES