Kilian Jornet está se preparando como nunca. E olha que ele já fez de tudo.
Depois de 15 anos longe da Western States 100, ele volta não só para correr... mas para enfrentar o calor de 45 graus. Literalmente.
Por que isso importa pra você?
Porque, mesmo sendo um dos maiores nomes da história do trail, Kilian teve que mudar tudo no treino pra essa prova. E o que ele está fazendo pode (e deve) te inspirar. Porque o que ele está mostrando, com cada escolha de treino, é que não importa se você é amador ou elite: treinar certo é treinar com inteligência. E não desperdiçar tempo nem energia.
O que é a Western States 100?
Uma das ultramaratonas mais tradicionais do planeta. São 160 km na Califórnia, com calor escaldante, subidas e descidas, mas também... muita parte plana e corrível. E é aí que começa o drama.
Kilian é rei nas montanhas técnicas. Mas na WS100, o desafio é outro: correr. Muito. E no calor. Ele está fora do habitat dele. E isso o obriga a treinar como talvez nunca treinou antes: com foco total na especificidade da prova. Isso é ouro pra qualquer amador que queira melhorar. Entender o desafio da prova e ajustar o treino pra ele. Sem achismo. Sem ego.
"Câmara de tortura" a 45 °C
Vivendo num fiorde gelado na Noruega, Kilian improvisou uma solução: transformou um cômodo da casa em uma estufa.
Literalmente. Bicicleta e esteira ligadas por horas num quarto com aquecedor em 45 graus. Tudo pra simular o que vai enfrentar nos canyons da Califórnia.
E não é coisa de última hora, não: ele vem fazendo isso há meses, com treinos específicos de aclimatação térmica e teste de absorção de eletrólitos. Isso é ciência pura aplicada ao treino.
O que ele nos ensina aqui? Que não dá pra romantizar o desconforto e achar que só vai se adaptar no dia da prova. A adaptação precisa ser treinada. Precisa ser incluída no planejamento. Dá trabalho? Sim. Mas te prepara de verdade.
Ninguém coloca uma arma e te obriga a se inscrever em uma prova dificil, se você escolheu a prova, arque com o compromisso que demanda o tamanho da prova, simples assim.
Treinos simulados
Além do calor, ele teve que encarar outra dor: correr no plano.
Pra se adaptar, ele fez um longão de 80 km com 2.400 m de ganho, mantendo um ritmo médio de 4:32 min/km. Isso, em trilha! E com ritmo ajustado por inclinação de 4:05 min/km.
O que isso mostra? Que mesmo um cara acostumado a andar nas subidas técnicas entendeu que, pra essa prova, precisa correr. Por horas. Sem parar. Em ritmo sustentável. Ele está treinando exatamente o que a prova exige.
E essa é uma lição valiosa: não adianta fazer só o que você gosta. Tem que treinar o que a prova vai cobrar. Se tem 80% do percurso corrível, é isso que você precisa treinar. Correr. Por tempo. Em ritmo. Com economia.
Treino cruzado + sabedoria
Recentemente, Kilian lidou com dor no joelho (banda iliotibial). Resultado? Cortou volume de corrida, aumentou bike, cuidou da recuperação.
Ele mesmo disse: "Agora eu sou um atleta melhor. Mas mais velho. E preciso treinar com mais inteligência."
Tá aí uma lição pra quem acha que é só treinar até quebrar. Treinar bem é treinar saudável. E a resposta não é parar de tudo, mas ajustar. Manter a constância com outro estímulo. Ciclismo no lugar da corrida. Manter o motor funcionando enquanto o chassi se recupera.
Essa abordagem é ouro pra todo amador que treina cansado, com dor, ignorando sinais do corpo. A inteligência do treino está justamente em saber quando reduzir, quando trocar, quando priorizar a recuperação.
Ele não quer vencer. Quer explorar.
A motivação agora não é mais ganhar. É viver o processo.
"Não preciso mais competir. Quero me desafiar, entender meu corpo, explorar novas estratégias." — palavras dele.
Isso muda tudo. Ele corre por prazer, por curiosidade, por evolução. E quando a motivação é interna, o processo se torna mais valioso que o resultado.
Mesmo assim, ele segue treinando como um profissional. Porque sabe que, pra curtir uma prova dessas, precisa estar preparado. Não dá pra brincar com 100 milhas no calor. E por mais que o objetivo não seja o pódio, o compromisso com o treino segue firme.
O que a gente aprende com isso?
Adapte seu treino ao desafio, não ao ego. Se a prova pede corrida contínua, não adianta treinar só trilha técnica.
Treinar pro calor exige método. Não adianta só torcer pra dar certo no dia. A aclimatação precisa ser treinada.
Volume sem técnica é só desgaste. Kilian treina forte, mas com foco em eficiência, ritmo e constância.
Treino cruzado salva seu corpo. Quando o corpo pede pausa, o ciclismo mantém o motor ligado sem forçar as articulações.
Vencer pode ser só estar lá, saudável e inteiro. Correr uma prova dessas é uma vitória. Cruzar a linha com saúde, mais ainda.
Agora eu te pergunto:
Você está treinando com estratégia, método e inteligência ... ou só treinando o que gosta?
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