Imagine-se correndo uma ultramaratona de montanha. Seu corpo já passou dos 100 km, cada passo é uma luta contra a exaustão, e as dores começam a se acumular. O que você faria? São incontáveis as vezes que vi amigos recorrendo a medicamentos…Eu mesmo, antes de me aprofundar no estudo desse tema, cheguei a usar até mesmo sem precisar…inconsequência total…
Vamos a um estudo publicado na Research in Sports Medicine, que mostra que, assim como eu já fiz, vários outros recorrem a medicamentos para suportar o desafio.
(espero sinceramente, que você leia e nunca mais utilize esse artificio)
O Estudo: O Uso de Substâncias na Ultramaratona
Pesquisadores analisaram o uso de medicamentos entre participantes da Infernal Trail des Vosges 2014, uma ultramaratona com provas de 72 km e 160 km, realizada na França. Dos 389 corredores inscritos, 297 responderam a um questionário sobre o consumo de substâncias antes e durante a corrida.
Os resultados mostraram que 27% dos corredores usaram medicamentos no mês anterior à prova, e 18% consumiram durante a competição. Os principais fármacos foram:
Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) - 9,8% antes da corrida e 5,6% durante a prova.
Analgésicos - 6,7% antes e 8,4% durante a competição.
Os motivos mais comuns para o uso foram:
Alívio da dor osteoarticular (29,6%)
Prevenção da dor durante a corrida (28,2%)
Um dado alarmante foi a relação direta entre o uso prévio e o consumo durante a prova. Corredores que tomaram medicamentos no mês anterior tinham mais probabilidade de usá-los na corrida, sugerindo um comportamento de dependência no enfrentamento da dor.
O Perigo Escondido
Se um carro começa a apresentar um barulho estranho no motor, o correto seria levá-lo ao mecânico para investigar o problema, certo? Mas imagine que, em vez disso, você apenas aumenta o volume do rádio para não ouvir o ruído. O problema continua lá, só que ignorado. Isso é exatamente o que acontece quando corredores usam medicamentos para mascarar a dor.
Embora os AINEs não sejam proibidos pela Agência Mundial Antidoping (WADA), seu uso frequente pode trazer graves riscos à saúde. Esses medicamentos podem causar:
Lesão renal aguda, especialmente em provas longas onde a desidratação é comum.
Sangramento gastrointestinal, que pode ser fatal em casos extremos.
Mascaramento da dor, aumentando o risco de lesões graves. Se a dor é um sinal de que algo está errado, ignorá-la pode transformar um pequeno desconforto em uma lesão incapacitante.
Curiosamente, apenas 10,1% dos corredores acreditavam que os AINEs não eram perigosos, o que mostra uma certa consciência, mas reforça a necessidade de educação sobre os riscos do uso de medicamentos no esporte.
Uma Questão de Motivação
O estudo também revelou diferenças entre ultramaratonistas e atletas de elite. Enquanto esportistas de alto rendimento costumam usar substâncias para melhorar o desempenho, os ultracorredores são, em sua maioria, movidos pela superação pessoal e pelo desafio físico. Isso pode explicar a menor taxa de uso de medicamentos em comparação a outros esportes de resistência, como o triatlo e o futebol profissional. No entanto, a busca pelo limite pode levar ao uso excessivo de substâncias para continuar competindo, sem perceber os danos acumulados ao longo dos anos.
O Que Podemos Aprender?
A pesquisa deixa claro que o uso de medicamentos em ultramaratonas é uma realidade e pode trazer sérios riscos. Como treinadores e corredores, precisamos priorizar estratégias de prevenção da dor que não envolvam fármacos, como:
Fortalecimento muscular e treinamento adequado para evitar sobrecargas.
Técnicas de recuperação eficazes (sono, nutrição, hidratação) para acelerar a regeneração muscular.
Ajuste do volume e intensidade dos treinos para respeitar os limites do corpo.
Uso de métodos naturais para alívio da dor, como crioterapia, massagens e estratégias de mobilidade.
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