Você Sabia Que Seus Rins Podem Estar em Risco Durante Uma Ultra Trail?
Como Proteger Seu Corpo e Correr Mais Longe (Sem Abandonar a Prova)
Fala gurizada… Se você já pensou em enfrentar uma ultra trail, você sabe que a jornada não é nada fácil. São quilômetros e mais quilômetros, subidas difíceis, terrenos acidentados, e aquele desafio mental de seguir em frente quando seu corpo já está pedindo descanso. Mas o que você talvez não saiba é que, enquanto você se dedica a conquistar cada metro dessa corrida, seus rins também estão lá, fazendo um trabalho pesado – e, se você não tomar cuidado, podem começar a falhar.
Isso mesmo, a lesão renal aguda (AKI) é uma preocupação real para corredores de ultra trail, e esse risco pode surgir logo nas primeiras etapas da prova. Não estou querendo assustar você, mas é importante entender o que acontece no seu corpo, para que você consiga se proteger e correr mais seguro. E é exatamente sobre isso que um estudo super interessante, feito durante uma prova de 156 km, nos ensina.
Vamos aprender juntos como garantir que você chegue ao final da prova com a saúde intacta e os rins funcionando perfeitamente!
O Estudo: Como os Rins se Comportam Durante uma Ultra Trail?
Você já ouviu falar da “le premier trail scientifique de Clécy”, na França? Essa prova não é para qualquer um: são 156 km de puro desafio, com 6.000 metros de ganho de elevação. Imagine só, é como subir 6.000 metros de montanha e ainda correr durante horas… Esse estudo foi realizado com 55 corredores (de diferentes idades e níveis de habilidade), com o objetivo de entender como o esforço físico extremo de uma ultra trail pode afetar a função renal.
Aqui está o detalhe que eu achei incrível: eles não apenas mediram a função renal dos corredores ao final da prova, como a maioria dos estudos faria. Não! Eles fizeram algo muito mais completo: mediram a função renal a cada 26 km, ou seja, durante toda a prova. Isso significa que eles conseguiram ver como os rins estavam lidando com o esforço físico ao longo de toda a corrida, e não apenas depois dela.
Agora vem a surpresa: a maior parte do estresse renal aconteceu no começo da prova, justamente quando o corpo ainda está se ajustando ao esforço. Em outras palavras, o risco de lesão renal é maior nos primeiros 50 km, ou seja, a maratona inicial, e depois, os rins começam a se adaptar e o risco diminui.
O Que Aconteceu no Estudo?
Durante a corrida, os pesquisadores usaram a classificação RIFLE, uma ferramenta usada para avaliar o risco de lesão renal. Basicamente, ela classifica a gravidade da disfunção renal de acordo com a taxa de filtração glomerular (GFR), um indicador de quão bem os rins estão filtrando o sangue. Se o GFR diminui muito, significa que os rins não estão funcionando bem.
O estudo revelou que 41% dos corredores apresentaram algum grau de risco de lesão renal (ou “RIFLEr”, como é chamado o estágio inicial de risco) logo nas primeiras voltas. Ou seja, isso é bastante significativo! Mas o mais interessante é que, após 24 horas de descanso, a maioria dos corredores se recuperou completamente, com apenas um caso de disfunção renal persistente.
Uma coisa que chamou a atenção dos pesquisadores foi que os corredores que apresentaram problemas renais estavam mais propensos a abandonar a prova, especialmente quando o problema surgiu logo nas primeiras etapas. Isso faz sentido, né? Quando os rins começam a dar sinais de cansaço, o corpo todo entra em modo de alerta e o risco de outras complicações aumenta.
O Que Você Pode Aprender com Esse Estudo?
Aqui está o que o estudo nos ensina e como você pode aplicar isso diretamente no seu treinamento e nas suas corridas de ultra trail. Vou dividir tudo em pontos práticos e simples para você:
1. O Risco é Maior no Início: Treine para Começar Devagar
Como você viu, o maior risco de lesão renal acontece logo nas primeiras etapas da corrida, por volta dos 50 km iniciais. Isso acontece porque o corpo ainda está ajustando a intensidade do esforço. Para evitar que seus rins “sofram” logo de início, treine para começar devagar. Isso significa não sair acelerando logo nos primeiros quilômetros e, ao contrário, adotar um ritmo mais controlado nas primeiras etapas. Com o tempo, seu corpo vai aprender a ajustar o esforço de maneira mais eficiente, sem sobrecarregar os rins.
2. A Hidratação Correta é a Chave
A hidratação foi um dos fatores mais importantes identificados no estudo. Tanto a desidratação quanto o excesso de água podem afetar a função renal. Então, o segredo é a hidratação equilibrada. Durante seus treinos, pratique a ingestão de líquidos de forma inteligente, observando o que funciona melhor para o seu corpo. Beber água na medida certa e nos momentos certos vai garantir que seus rins funcionem bem durante a corrida, e você não vai precisar parar para uma hidratação excessiva ou insuficiente no meio da prova.
3. Evite Medicamentos Desnecessários (AINEs)
O estudo também mostrou que o uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), como o ibuprofeno, pode agravar problemas renais durante a corrida. Eu sei que pode parecer tentador tomar um comprimido para aliviar a dor, mas se você está treinando para uma ultra trail, evite esse tipo de medicamento antes e durante a prova. Eles podem interferir na função dos seus rins, especialmente quando seu corpo já está sobrecarregado de esforço físico. Converse com seu médico, mas, em geral, procure tratar as dores com estratégias mais naturais e eficazes.
4. Escute o Seu Corpo: Abandone se Necessário
Se você sentir que algo não está certo – seja dor, fadiga extrema ou sintomas de lesão renal (como cansaço excessivo ou dificuldade para urinar) – não hesite em parar e descansar. O estudo mostrou que, quando você ignora os sinais do corpo, o risco de lesão aumenta. Abandonar não é fracasso, é inteligência. Lembre-se, sua saúde sempre vem em primeiro lugar.
Como Eu Posso Te Ajudar a Evoluir?
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Referências:
Vauthier, J.-C., Touze, C., Mauvieux, B., Hingrand, C., Delaunay, P.-L., Besnard, S., Jouffroy, R., Noirez, P., Maboudou, P., Parent, C., Heyman, E., & Poussel, M. (2024). Increased risk of acute kidney injury in the first part of an ultra-trail—Implications for abandonment. Physiological Reports, 12, e15935. https://doi.org/10.14814/phy2.15935